O atropelamento, seguido de morte, de duas pessoas (uma menina de nove, e uma adolescente de 14) que retornavam da escola para casa, no começo da noite de quarta-feira, 07, reacendeu a polêmica em torno da violência no trânsito, mais especificamente nas regiões cortadas por rodovias, sejam estaduais e/ou federais. No caso específico, o acidente ocorreu o trecho da BR 060, proximidades do Campus da Universidade Estadual de Goiás, por sinal, palco de inúmeros desastres com vítimas fatais. O trecho, com forte aclive/declive, tem contra si, ainda, o fato de não se observar no local, uma sinalização mais eficaz, o que enseja o abuso de velocidade dos condutores e a falta de atenção dos pedestres. Vizinhos e usuários da rodovia relataram uma série de acidentes semelhantes nos últimos meses, chegando a mais de uma dezena os casos apontados em que pessoas perderam a vida, ficaram mutiladas ou sofreram ferimentos graves. O local é apontado como “ponto negro” da rodovia que, na verdade, é mais uma avenida, visto que corta um setor densamente habitado e com a existência de vários estabelecimentos comerciais, industriais e prestacionais de serviço, além de escolas e muitas residências. Sem contar que a BR 060, entre Brasília e Goiânia, incluindo o trecho que corta Anápolis, é uma das estradas de maior movimento no Brasil.
E, desafortunadamente, o local do desastre da última quarta-feira não é fato isolado ou pontual. Diversos outros setores da periferia de Anápolis, traçados de rodovias, têm, também, mostrado a fragilidade do sistema sinalizador, a irresponsabilidade de condutores e a imprudência/negligência dos pedestres. “É um somatório de fatores negativos, que, em muitas das vezes, resulta em dor e sofrimento para as famílias”, justificou o empresário Raul da Costa Meira, que se diz acostumado a ver tragédias e a socorrer pessoas em acidentes na região. Para ele, já se passou da hora de se definir um sistema de sinalização e de vigilância mais eficaz.
Providências
Uma das medidas anunciadas e que estás em curso, a implantação de trincheiras (passagens sob as rodovias) prevê a diminuição dos casos de acidentes. Mas, para Raul da Costa, "simplesmente fazer trincheiras não resolve. O importante é, além de trincheiras e passarelas, desenvolverem-se campanhas massificadoras para orientar e conscientizar motoristas e pedestres sobre os resultados de acidentes em rodovias. Eles, geralmente, acontecem com veículos em alta velocidade, quando os danos, sejam pessoais, sejam materiais, são de grande monta”, justifica.
Atualmente o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte) está implantando duas trincheiras na região. Uma na conexão do Bairro Pirineus com o Conjunto Village/Jardim Progresso e outra na ligação do Bairro de Lourdes com o loteamento Anápolis City. “É um avanço, mas não resolve tudo”, diz Raul da Costa. Segundo ele, enquanto não houver um trabalho de conscientização, as tragédias vão continuar ocorrendo. Os patrulheiros que atendem às ocorrências de acidentes nas rodovias que cortam a região urbana de Anápolis listam que, além do setor que abrange o campus da UEG, existem vários outros, onde o perigo de acidentes envolvendo pedestres é preocupante em Anápolis. A região da BR 060, entre o Viaduto “Miguel Baga” e o Trevo Leleco, é outro setor preocupante. Também o trecho da mesma rodovia nas proximidades do Posto Presidente, é considerado altamente perigoso para pedestres. Citam-se, ainda, a BR 414, entre o trevo de acesso ao bairro Recanto do Sol e a localidade conhecida pro “Gameleira”, onde, também, o índice de acidentes envolvendo transeuntes é acima da média. Não existe um número oficial, mas estimas-e que, somente este ano, mais de 30 acidentes dessa natureza tenham ocorrido na região de Anápolis, cerca de 12 deles com vítimas fatais.
Os moradores dessas regiões clamam pela instalação de um sistema sinalizador mais eficiente, como lombadas eletrônicas, sinalização sonora, placas indicativas e, principalmente, a presença do policiamento. Uma das justificativas para isso é a constatação de que, em grande parte dos acidentes, os motoristas se achavam em estado de embriaguês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário